Morro Seco - Território
Para impedir a completa desintegração da comunidade, os moradores se uniram e solicitaram o reconhecimento de Morro Seco como comunidade remanescente de quilombo. Com o reconhecimento, começa o processo para a comunidade ter a propriedade da terra ocupada, finalizado com a titulação. “É mais uma garantia de que a terra já pode ser considerada nossa”, diz Armando Modesto Pereira, e acrescenta que “o reconhecimento é para afirmar aquilo que é comum, que para nós não é admirável, mas isso vai valer para quem ainda não conhece sobre a característica da comunidade e os valores que ela tem.”
Os quilombos no Brasil são reconhecidos por alguns fatores: onde vive, como vive, sua cultura, convivência comum e sua tradição. “Esses foram os fatores que fundamentaram o reconhecimento da Comunidade de Quilombo de Morro Seco”, diz Bonifácio Modesto Pereira. “É a garantia daquilo que é legítimo, autenticidade, respeito, maior reconhecimento pelo poder público”. O reconhecimento também traz outros benefícios à comunidade como a participação em programas sociais do governo, inclusive com garantia de infra-estrutura.
Com uma área de 164.686,9 ha, Morro Seco é parte do Vale do Ribeira. Conserva-se grande parte de Mata Atlântica, com sua beleza natural e cultural, como rios, restingas e mata que recobrem as montanhas e planícies onde vivem habitantes que mantém ativa sua cultura tradicional de raiz, onde encontramos as danças, culinárias, confecção de utensílios de uso local (cestarias e trançados), gamelas, entalhes, entre outros.
A área utilizada para a produção é de aproximadamente 769.200 metros quadrados, ou 76,92 ha.
O nome Morro Seco, como lembra hoje uma das lideranças, foi atribuído da seguinte forma: Naquela época, o povo muito se utilizava da caça para sobrevivência. Foi numa dessas épocas de caça que uma equipe de caçadores resolveram se adentrar as matas para efetuar a caça. Andaram por vários lugares e sentiram sede e começaram a procurar água. A tarde veio chegando e não conseguiram matar a sede. Vieram embora. Numa outra época, os mesmos caçadores resolveram se adentrar novamente a mata. Só que dessa vez, já preparados, diziam; “Vamos caçar, mas vamos levar água, porque naquele morro não tem”. Outros diziam: “Vamos caçar no Morro Seco?”
Mesmo recebendo esse nome, existem muitas fontes e afluentes, alguns que até marcam história como o Ribeirão da Bezerra, que nasce, corta toda a comunidade e deságua no Rio Morro Seco, onde os moradores antigos faziam suas embarcações agrícolas para Iguape. Também existem o Ribeirão do Guapiruvu, Grota da Onça, Ribeirão da Mina, Ribeirão da Prancha Alta, Ribeirão da Banana-flor, Ribeirão do Agrião, Ribeirão da Lombada, Ribeirão das Pedras. Em seus arredores, existem 07 nascentes que abastecem 70% da comunidade.